Na esperança de uma “Terra sem males”

De Projeto Terras Indígenas

Haikai indígena I

E o parente? Vai ind(i)o,
agora mais dependente
de abridor de latas

(Graça Graúna)


Fiz este haikai na esperança de que um dia todos(as) seremos índios(as), numa Terra sem males. A tela que ilustra o poema, fotografei-a na “Exposição Terras indígenas”, organizada pela artista plástica Claudia Campos, no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília/DF, no Dia do Índio, em abril de 2010.
Reflito: há 68 anos foi criada no Brasil o Dia do Índio. Na verdade, ao criar essa lei em 1943, o então presidente Getúlio Vargas apenas pegou carona na data que é dedicada ao índio no México, desde 1940. Na América Latina, o dia consagrado ao índio surgiu da insatisfação de lideranças indígenas que participaram do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Aqui, no Brasil, o Dia 19 de abril parece que foi criado para nos tornar mais invisíveis. Nós somos herdeiros dos povos que deram origem a este país. Infelizmente, os povos indígenas no Brasil e noutras partes do mundo continuam mal interpretados nas escolas e a sociedade como um todo nos trata como se fôssemos selvagens; a sociedade empurra-nos, cada vez mais, à margem e poucos, pouquíssimos educadores colocam as ideias no lugar quando falam a nosso respeito. É uma raridade encontrar professores(as) que tratam com apurado senso ético, com sensibilidade, e criatividade a tal Lei 11645 que, em 2008, permitiu ao então presidente Lula alterar a Lei 10.639/03 e instituir a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena na educação escolar brasileira.
Neste dia 19 de abril de 2011 almejo a todos(as) meus/minhas parentes indígenas que seja respeitada a nossa cultura, a nossa história e que as nossas crianças cresçam na esperança de serem tratadas com dignidade. Que Ñanderu nos acolha.

São Paulo, numa bruta chuva, 19 de abril de 2011
Graça Graúna



Ao escrever,
dou conta da ancestralidade;
do caminho de volta,
do meu lugar no mundo
(Graça Graúna).

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